Sexta-feira, 26 de Novembro de 2004

O circo desceu à cidade

Além do circo Chen e do Cardinali, com habituais actuações nesta altura do ano em Lisboa, começou um outro circo, que promete ter lotação esgotada. O circo dos horrores da Casa Pia, na Boa Hora.

O palhaço pobre, conhecido por Bibi, já disse que vai mostrar todos os seus talentos e revelar tudo o que sabe. Que não lhe fuja a corda debaixo dos pés...

Para além das "atracções" que se conhecem, espera-se que, no exterior, uma multidão de jornalistas faça a sua parte do espectáculo e atraia ainda mais público. Apesar das entradas limitadas.

É certo que vai continuar a actuação das feras. Quando, daqui a uns meses, a exibição acabar, esperemos que tudo não se resuma a uma grande palhaçada. E que haja poucos truques de malabarismo.

publicado por Boaz às 17:49
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Cravos em Kiev

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publicado por Boaz às 17:41
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Quinta-feira, 25 de Novembro de 2004

Uma noite em claro

A noite passada não dormi. Não foram as insónias que, felizmente, não atacam muito para os lados da minha almofada. Por volta da meia-noite liguei o computador e escrevi o post anterior. Depois, já ligado à rede, fiz uns retoques estruturais no blog e fui navegar na blogosfera.

Andei pelos meus blogs favoritos: Aviz, Crónicas Matinais e Rua da Judiaria. Mais uma longa "caminhada". São sem dúvida três dos melhores blogs em português. Todos feitos por jornalistas portugueses, no estrangeiro. Como tenho de ter cuidado com os gastos telefónicos, carreguei as páginas - sempre enormes!!! - e depois regalei-me com a leitura, off-line.

O Aviz é um blog bem à altura do seu autor, o excelente jornalista e escritor Francisco José Viegas. Atento ao rectângulo lusitano, apesar do exílio brasileiro.

Crónicas Matinais, de Ana Albergaria, é o mais despudorado dos bons blogs nacionais. Digo eu. Entre as suas reflexões sérias, muito sérias por vezes, há momentos absolutamente hilariantes. Adoro o seu estilo apressado, nada light e de quem nunca se nega a uma boa pega de caras. Um verdadeiro bálsamo.

Por fim, Rua da Judiaria, o blog de Nuno Guerreiro (não, não é o da Ala dos Namorados, bolas!). Com apenas um ano, é já um monumento na blogosfera lusa. Um manancial de informação de um ponto de vista muito particular.

E foi assim que chegou a manhã. O gato miou à porta e eu fui abrir. Depois, tive mesmo de me deitar no sofá e passar pelas brasas. A repetir a dose. Talvez não pela noite dentro.

publicado por Boaz às 16:46
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Algumas razões para sorrir

Há poucos dias, em Lisboa, perdi o expresso para casa. Como o próximo era só daí a 4 horas – que serviço eficiente, hein?! – e uma vez que eu não sou pessoa de ficar sentada à espera durante tanto tempo, resolvi ir dar uma volta pela cidade. Sem destino, sem propósito. Nem sequer para ver as montras, que também é coisa que não aprecio, ainda mais quando já estão inundadas da fúria natalícia. Só andar por aí, com o rádio de bolso ligado e os auscultadores nos ouvidos.

Foi uma caminhada de alguns quilómetros, de Sete Rios ao Rossio, passando pela Praça de Espanha, Marquês de Pombal, Rato, Príncipe Real e Carmo, regressando depois pela Avenida da Liberdade, Marquês, Parque Eduardo VII e São Sebastião.

Já no dia anterior tinha notado que as pessoas raramente olham as outras na cara e mantêm sempre um ar sério, aborrecido. Assim, decidi logo à partida que ia tentar manter, enquanto caminhava calmamente, um sorriso nos lábios. E aproveitar as pequenas coisas que via para manter o sorriso. Ao mesmo tempo iria observar a reacção das pessoas quando passasse por elas com aquela disposição.

Durante as várias horas do passeio por Lisboa reparei que as pessoas, de um modo geral pareciam tristes. Andavam na rua de olhar baixo, quase sempre virado para o chão. Talvez à espera de aí encontrar a sua sorte. Raramente passava por alguém que em vez de olhar para baixo, olhava em frente, ao infinito. E ainda menos vezes alguém que me olhava nos olhos quando passava por mim. E quando isso acontecia, rapidamente desviavam o olhar. Invariavelmente, para o chão ou o infinito.

Talvez se, mesmo no meio das suas pressas tentassem observar as outras pessoas, as ruas com outros olhos, o dia até lhes poderia parecer melhor. A mim soube-me bem superar o tédio da espera pelo expresso com uma visão nova da cidade.

Encontrei inúmeras razões para ficar bem disposto. O céu azul e o Sol radioso apesar do tempo frio. O semáforo onde eu chegava e que estava verde. Passar pela porta de um edifício que conheço e pensar no que se estaria a passar lá nesse momento. Duas manilhas junto às obras do Marquês: uma metáfora ao túnel. Os telhados dos prédios e a cúpula da Estrela ao fundo da Rua do Monte Olivete: um postal turístico ou um quadro de Maluda. O panorama da Baixa no miradouro de São Pedro de Alcântara. Passar por ruas onde nunca tinha estado. Uma boa canção a tocar no rádio – o que por vezes até me fazia ter vontade de dançar no meio da rua e no mínimo me fazia caminhar ao ritmo da música. (Não, não ando a tomar drogas. Era mesmo autêntico, sem “pastilhas”.) Os vendedores de castanhas a fazer cartuxos com folhas das páginas amarelas. As bolachas de aveia e um gole de água, acompanhados da vista grandiosa do alto do Parque Eduardo VII. A escultura do Cutileiro logo ali ao lado. Um melro que a poucos metros de mim se demorou a beber água numa bica.

Ao chegar ao destino, só me arrependi de não ter andado ainda mais devagar para não ter de esperar ainda durante uma hora. Ao menos, ainda me sobravam bolachas e um pouquito de água.

Cada vez acho mais que devemos aproveitar cada bocadinho de tempo para tirar o máximo das mais pequenas coisas, em vez de nos queixarmos de tudo. Ainda mais, após uma senhora de 30 e poucos anos que conheci recentemente me ter dito que, apesar de estar sem trabalho e depois de dois tumores cranianos se considerar uma privilegiada. E ter sempre um sorriso nos lábios.

publicado por Boaz às 04:43
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Sexta-feira, 19 de Novembro de 2004

Soares, o instigador

Mário Soares - essa vaca sagrada da política portuguesa e baluarte moral do país - afirmou, numa conferência sobre os 30 anos do 25 de Abril que, só a restituição da voz aos cidadãos pode evitar «revoltas descontroladas».

Com o seu olhar de responsável "Pai da Pátria" sempre atento, alertou que só ainda cá não houve «aventuras militares» porque Portugal está integrado na União Europeia.

Será isto um apelo? Ou o Conselho da Revolução já se reuniu mesmo, está tudo pronto e este recado não é mais que o "Depois do Adeus" para pôr as tropas a marchar sobre Lisboa?

publicado por Boaz às 16:22
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Que mal tem pesticida no tabaco?

Uma investigadora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto descobriu nos cigarros SG Ventil e SG Filtro vestígios de Dialdrin, um pesticida potencialmente cancerígeno e proibido pela UE.

No meio de tanto alcatrão, nicotina e centenas de outras substências cancerígenas que são absorvidas em casa "passa", qual é o fumador que se vai preocupar com um cheirinho a pesticida?

E já agora uma pergunta à cientista genial: o que é que esta à espera de encontrar? Vitamina C?

PS - Não deixa de ser irónico que a mesma organização que proibe o Dialdrin e a publicidade ao tabaco conceda, todos os anos, milhões de Euros em subsídios agrícolas aos produtores de tabaco.

publicado por Boaz às 16:14
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Domingo, 14 de Novembro de 2004

Que tal um pacto de regime?

Somos um país de "contras". Especialmente na política. A oposição está sempre contra o governo. O governo está sempre contra a oposição. Seja qual for o poder e a respectiva bancada oposta.

Hoje muita gente se lamenta de que o país anda à deriva. Creio que já andam a dizer isso desde o 25 de Abril. (Antes só não se dizia o mesmo porque havia uns sítios chamados Peniche, Caxias, Tarrafal... ou exílio, para os sortudos.)

É por isso que faz falta um pacto de regime. Um acordo entre os grandes partidos, aqueles que têm hipóteses e alguma postura para chegar ao poder: PS e PSD. Porque é que há tantas políticas que mudam quando muda o governo? As "paixões" de uns governos tornam-se assunto de fundo de gaveta para outros. Ou mesmo se o novo governante continuar "apaixonado", vê-se que os mimos dados ao objecto da paixão passam a ser outros... e continua o país à espera. À deriva.

Para assegurar um futuro estável e de sucesso, é urgente um acordo em matérias essenciais. Educação, Justiça, Finanças. Caso contrário ficamos à mercê dos visionários de meia tigela, que sistematicamente aterram sabe-se lá como, nos nossos ministérios. O resultado é a trapalhada em que tem estado, por exemplo, a nossa Educação, que vai andando de reforma em reforma, mas sem nunca se reformar o essencial e sem deixar durar as boas decisões.

Que Sócrates e Santana - são tão parecidos os dois - ao menos uma vez, tenham a coragem de pôr o país em primeiro lugar. Em vez de se empenharem na única estratégia política que se vê em Portugal: a de puxar o tapete ao adversário.

publicado por Boaz às 21:07
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Quarta-feira, 10 de Novembro de 2004

O morto-vivo ou crónica de uma morte anunciada e desmentida e anunciada...

casal_arafat

Há mais de uma semana, desde que Arafat chegou a um hospital militar de Paris, que se repetem os anúncios da sua morte, rapidamente desmentidos por oficiais palestinianos. A razão para a doença de Arafat também é tema de grande especulação. Quase tudo se desmente. Nada se confirma.

Falou-se em cancro disto e daquilo (só faltou mesmo o cancro do colo do útero e dos ovários). Falou-se em envenenamento. Mais tarde foram excluídas estas possibilidades. Até se falou em SIDA. A tese mais defendida são os problemas sanguíneos derivados das deficiências sanitárias e alimentares que o líder palestiniano tem passado nos últimos anos, confinado a meia dúzia de divisões no seu arruinado complexo de Ramallah.

O que é certo é que toda a informação tem sido fortemente filtrada, tanto pela mulher de Arafat, Souha, como pelo poder político palestiniano. Às revelações não oficiais de que Arafat estava em "coma irreversível", seguiam-se relatos não confirmados de que terá aberto os olhos, falado e que teria mesmo melhorado. (Até é possível que tenha pedido uma pizza e um fato de jogging, porque lhe terá apetecido subir ao topo da Torre Eiffel. Pelas escadas, obviamente.)

Nos últimos dias as disputas entre os detentores do poder na Palestina e a estravagante Souha Arafat foram reavivadas. os dois homens que partilham o poder na ausência do líder, Mahmud Abbas e Ahmed Qorei, foram a Paris para se inteirarem o seu real estado de saúde e foram logo acusados por Madame Arafat de lhe quererem enterrar o marido ainda vivo.

Ao mesmo tempo veio à baila a gigantesca herança do moribundo, a qual suscita muita cobiça. São mais de mil milhões de euros em mais de cem contas bancárias em nome de Arafat, em vários países, reclamados pela Autoridade Palestiniana, mas da qual a esposa, naturalmente, não quer abrir mão.

Não condenemos a baronesa, que vive confortavelmente com a filha, a mãe e um séquito de servos num dos mais caros hoteis de Paris. É que não deve ser fácil para ela engolir a ideia de voltar a Gaza ou à Cisjordânia, onde ela não vai há 4 anos, nem para visitar o seu amado marido.

publicado por Boaz às 17:12
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Quinta-feira, 4 de Novembro de 2004

Há nove anos

 

Yitzhak Rabin
(1 de Março de 1922 - 4 de Novembro de 1995)

publicado por Boaz às 17:32
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Quarta-feira, 3 de Novembro de 2004

Em que falhou Kerry?

Só a pergunta, amarga para tanta gente, incluindo na América...

A única certeza é que o cowboy texano levou mesmo a melhor.

PS - Se no fim da recontagem de votos no Ohio se verificar a vitória de Kerry, eu não me importo de dar a mão à palmatória pela precipitação.

publicado por Boaz às 17:59
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Segunda-feira, 1 de Novembro de 2004

Falta pouco... para o resto do Mundo

Frente a frente

As eleições americanas são já daqui a umas horas. Desconhece-se o desfecho da votação - normalmente, nas democracias, é assim que acontece. Mas esta incerteza deixa um certo aperto no estômago. O mundo parece que nunca se mostrou tão interessado e esperançado numas eleições americanas. As reacções, quem quer que vença o embate, serão tudo menos de indiferença.

Foi a mais renhida campanha eleitoral para as presidenciais americanas em muitas décadas - provavelmente, desde o início da democracia americana. Espera-se a maior participação do eleitorado juvenil de todos os tempos.

Uma parte cada vez maior do eleitorado negro, tradicionalmente apoiante dos Democratas, tem vindo a aproximar-se, nos últimos tempos às ideias dos Republicanos. As questões do aborto (Bush contra, Kerry "pro choice"), do casamento de homossexuais (Bush contra, Kerry mais flexível), da investigação genética em células estaminais (Bush contra, Kerry a favor) e outras questões quentes, onde muitas vezes se mete a colherada da moral e da religião, têm feito os negros americanos chegar-se mais para o lado conservador.

Para quem está fora da América as coisas parecem simples. Tirando um ou outro caso - não negligenciáveis contudo - o mundo declara-se contra Bush e a favor de Kerry. Fosse quem fosse o opositor, desde que não vença Bush. O problema é que, apesar de o senhor que ocupar a Casa Branca determinar em boa parte o modo como todo o planeta vai viver nos próximos anos, a decisão cabe inteiramente aos americanos. E esses têm vivido desde Setembro de 2001 com a sombra do medo e do terror internacional na sua própria casa. Bush tem usado insistentemente este fantasma, pois sabe - os seus estrategos vão-lhe dando as dicas - que nestes casos, o eleitorado tende a reagir apoiando a estratégia da força e não da negociação.

Com o último vídeo de Bin Laden, este fantasma parece que ganhou forças. Resta saber se com ele os americanos se deixam convencer pela retórica de Bush que o Iraque foi uma etapa na guerra contra o terror; ou se pelo contrário, como reclama Kerry, foi uma distracção do problema central, que é a caça à Al-Qaeda e a Bin Laden.

Se vencer Bush, vai ficar tudo na mesma. Pelo menos assim se espera. Alguém irá culpar o eterno outsider Ralph Nader por ter roubado umas centenas de milhar de votos que seriam preciosos para John Kerry, como aconteceu com Al Gore. E se vencer Kerry, não se pense que o paraíso estará garantido no dia seguinte. O dossier iraquiano não se resolve apenas com boas vontades e é preciso agir com pragmatismo. Que, se calhar, Kerry não tem, debaixo de tanto idealismo.

Falta pouco... para o resto do mundo.

publicado por Boaz às 10:20
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Perfil do autor. História do Médio Oriente.
Galeria de imagens da experiência como voluntário num kibbutz em Israel.


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