Há menos de um mês Ariel Sharon e Mahmud Abbas encontraram-se no Egipto a fim de relançarem o processo de paz entre Israel e a Autoridade Palestiniana.
Desde então o governo de Sharon - apelidado por tantos de racista, criminoso, brutal e outras coisas ainda piores - libertou centenas de prisioneiros palestinianos e prometeu libertar ainda mais; aceitou alterar o muro «de segurança» (para uns), «de separação» (para outros), «da vergonha» (para outros ainda, a maioria dos quais nunca puseram os pés naquelas bandas) para minimizar o impacto sobre as populações palestinianas, e continua decidido na retirada das tropas e dos colonatos de Gaza.
Neste clima de confiança que parecia que se havia gerado... do outro lado alguns dão sinal que não querem ver um fim ao ciclo de violência, sabendo que poderá hever resposta à sua própria violência.
E a Autoridade Palestiniana continua a dialogar sucessivamente com os terroristas.
Há poucos dias, quando regressava a casa de autocarro, um amigo ligou-me a perguntar-me sobre uns afazeres que andamos a planear há já uns tempos. Depois de falarmos um pouco sobre o trabalho, perguntou-me como iam as minhas aulas de religião e língua hebraica.
- Muito bem. Só é pena serem apenas uma vez por semana.
- E o rabino, já disse alguma coisa sobre a conversão?
- Não. Mesmo àqueles que estão mais adiantados... creio que ainda não disse nada. De qualquer maneira, não quero apressar as coisas.
Despedimo-nos logo a seguir e o telefonema terminou. Eu fiquei a pensar no que ele me tinha perguntado e no modo como eu respondera, tão prontamente. Em especial o facto de "não querer apressar as coisas".
É este o essencial da história. Mesmo quando o destino é magnífico e tão ansiado, o caminho até lá chegar pode ser tão extraordinário como o que se anseia, que o melhor é não pretender acelerar o passo, e fazer o caminho tranquilamente, aproveitando todas as etapas.
Foi com prazer que verifiquei que o excelente Crónicas Matinais está de novo em actividade, depois de uma pausa da Ana Albergaria.
A autora continua sem o mínimo de politicamente correcto. E pronta a dar na cabeça a quem lhe critique os cozinhados ou lhe chame de fofinha. Palavras dela.
Política PhotoShop: Sabe mesmo quem é?
A dois dias das eleições tenho a sensação de, qualquer que seja o quadradinho onde escreva a cruz no próximo Domingo, não ir fazer algo de bom pelo país...
Uma observação: Não deixa de ser irónico que o filme que a RTP escolheu exibir no Domingo à tarde, antes da emissão especial de cobertura das eleições seja "A Tempestade". Premonição do que aí vem?
Às 23 horas e um minuto... chama-se Maria e é a minha segunda sobrinha.
Como cidadão ecológico, nada me ofende mais do que ouvir gente que, no que toca a uma questão tão básica como separar o lixo em casa para posterior reciclagem, simplesmente diz "não estou p'ra isso". Nestas coisas de gente e das suas razões, há sempre vários padrões.
Os apressados admitem que sim, é importante separar, mas defendem-se com a sua vida agitada e que não têm tempo para essas coisas miudinhas. São os mesmos que para ir ao café que fica ao fundo da rua levam o carro para se despacharem, mas aguentam com cinco minutos de espera nos semáforos e um quarto de hora para achar um lugar de estacionamento.
Os imbecis queixam-se que é muito complicado lembrar-se onde é que se mete o papel, os plásticos ou os vidros. Realmente é uma confusão labiríntica. Só é estranho como, apesar da sua falta de memória, fixam à primeira as tramas da dúzia de novelas da nossa TV (e ainda se lembra das antigas!), conhecem os nomes dos jogadores, treinadores, presidentes e estádios das 18 equipas da Superliga de futebol, decoram as transferências da última época e chegam a saber com detalhe as histórias de todos os casamentos reais dos últimos 25 anos.
Os fatídicos até sabem como se faz, mas desculpam-se alegando que o que é posto nos ecopontos vai, no final, parar ao mesmo sítio que os outros lixos e é depois tudo lançado nos aterros ou nas incineradoras. Então, separar para quê? É verdade, para quê tomar banho se vai sujar-se a seguir...
Os contribuintes acham que, como pagam impostos, o dinheiro tem de servir para tudo, incluindo para pagar a alguém que faça a separação do lixo em sua vez. Não há mais nada que deseje que alguém faça por si, não?
Os descontraídos são o que pura e simplesmente não sabem, não querem saber, odeiam quem sabe e “se me falas mais alguma vez nessa cena, levas um murro nos dentes!”
No fim existem os porcos, que guardam o lixo todo em casa e de vez em quando os vizinhos têm de chamar alguém da Câmara para limpar o curral porque o bairro já não aguenta com o cheiro.
É graças a estas criaturas que – para lá das quotas de reciclagem a que a UE nos obriga e que o país está ainda longe de cumprir – os aterros, que deveriam ter apenas matéria não reciclável, estão a abarrotar de recursos esbanjados. E o cúmulo neste país de desperdícios, é que há empresas que se dedicam à reciclagem de lixo e que têm de o importar do resto da Europa porque as quantidades recolhidas em Portugal não chegam para as tornar eficientes.
Nas eleições do próximo dia 20 os resultados não são muito difíceis de adivinhar. Tudo indica que ganhará o Partido Socialista e José Sócrates. E, mesmo que quase miraculosamente ganhem os sociais-democratas e Pedro Santana Lopes, uma das mais importantes conclusões a tirar é tão simplesmente: ganhou o "mal menor".
Santana Lopes (mais a sua «eminência parda» Paulo Portas) provou não ter categoria para ser Primeiro-Ministro. Foram tantos os erros em tão curto espaço de tempo...
José Sócrates não tem melhor currículo. Mantendo o plano dos seus tempos de ministro, ele continua a insistir na co-incineração mesmo depois de cientistas e ecologistas - estes últimos é sabido que costumam estar mais ligados à esquerda - já terem vindo defender a opção do sistema proposto pelo governo de Santana. No fundo, recusa-se a admitir o seu erro e insiste em conduzir o barco dos resíduos industriais para o baixio mais próximo. Além dele há os que se desunham para ficar à sua sombra. Qualquer coisa como 40% dos candidatos a deputados do PS é malta dos governos de António Guterres. A coisa promete...
Tanto Santana como Sócrates apostam na choradeira como estratégia de caçar votos. Desde o seu primeiro dia à frente do governo que Santana se faz de coitadinho. Primeiro foi por não ter o apoio e ter recebido críticas de muitos pesos-pesados do PSD, como Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes. Já depois da demissão forçada resumiu a sua triste sina àquela metáfora do «bebé na incubadora que todos os dias leva pancada dos irmãos mais velhos». Até parece tirado de uma novela venezuelana.
Como não gosta de ficar atrás, Sócrates foi pelo mesmo caminho. Depois dos boatos de «conteúdo brejeiro» contra a sua pessoa, tem-se fartado de chorar, qual virgem desonrada.
Com o cenário que se aproxima - e não sendo Portas, Jerónimo e Louçã alternativas - resta levar as mãos à cabeça e esperar que os próximos quatro anos passem depressa.
Pode até parecer um gesto feito em esforço: Mahmud Abbas até tem de se apoiar na mesa para chegar à mão de Ariel Sharon, mas talvez seja o princípio de uma nova fase de entendimento entre o governo de Israel e a Autoridade Palestiniana.
E que - tal como nos tempos de negociações entre Barak e Arafat - o Hamas e a Jihad Islâmica não puxem o tapete aos que têm a vontade de fazer a paz.
NOTA: O Hamas depressa deu o seu a entender que não faz parte do acordo de cessar-fogo. Já hoje (5ª feira) o efectuou um ataque com mísseis Kassam sobre um colonato da Faixa de Gaza.
(AP Photo/Ariel Schalit)
Numa recente manifestação contra o plano de retirada israelita da Faixa de Gaza, um apoiante do movimento dos colonos usa uma Estrela de David laranja na lapela. O símbolo faz lembrar as estrelas amarelas que os Judeus eram obrigados a usar durante o regime Nazi.
É sem dúvida um mau (e deliberado) uso de um símbolo infame, tirando-o do seu contexto e servindo-se do seu significado para daí obter proveitos pessoais e políticos.
Não vou questionar o plano de Ariel Sharon de desmantelar os colonatos da Faixa de Gaza e outros quatro da Cisjordânia. Nem sequer a manifestação. Afinal, e apesar dos seus defeitos, Israel é uma democracia e as pessoas têm direito a manifestar-se livremente. No entanto, nem tudo serve, ou devia servir, para ganhar simpatia para uma causa.
Infelizmente, não é a primeira vez que a simbologia do Holocausto entra na campanha contra a retirada. Noutro protesto pelo mesmo propósito, vários manifestantes iam vestidos com fatos às riscas a lembrar os uniformes dos prisioneiros dos campos de concentração. Ou o célebre cartaz surgido há uns 10 anos, em que o antigo Primeiro Ministro Yitzhak Rabin aparecia vestido com uma farda das SS, numa manifestação contra o processo de paz.
Usar aquele símbolo daquela maneira é banalizar o mal que foi a Shoa (Holocausto, em hebraico "Catástrofe"). E pior, é mais um triste exemplo do uso do Holocausto como marketing.
Logo agora que tudo se preparava para que a campanha eleitoral fosse decente, construtiva e com um mínimo de debate limpo, atiram-se umas postas de pescada para deitar abaixo o adversário.
Não sei ao certo o que se disse de José Sócrates ou de qualquer outro. Nem quero saber! Tudo o que seja da esfera privada das pessoas, desde que não seja contra a lei, é no domínio privado que deve ficar.
Não há direito. Este país merece melhor que isto. Cavaco Silva tem mesmo razão. Os maus políticos varreram os bons da arena. Tanto à direita como à esquerda. Ah, se o "voto à Saramago" fosse a solução...
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