Sexta-feira, 29 de Julho de 2005

Juizinho, meus senhores

Com a aproximação das eleições presidenciais, algumas figuras influentes do PS declararam apoiar a candidatura de Mário Soares a Belém. Ele, logo disse que ia reflectir o assunto, demonstrando que não percebeu que é uma segunda (ou terceira) escolha do Partido Socialista.

Não sei se repararam - pelo menos no PS poucos devem ter notado - mas passaram 20 anos desde o "Soares é fixe". Mesmo assim se empurra Soares, pois parece que o partido não tem mais ninguém a apresentar aos portugueses, além das mesmas figuras de sempre. Ou seja, desde o 25 de Abril de 1974.

Que mal que vai o país, quando o partido que está no governo e tem uma maioria absoluta na Assembleia da República não encontra nas suas fileiras ninguém melhor para candidato a chefe de Estado que um esgotado octogenário que há muito não diz coisa com coisa. E eu a pensar que as coisas não podiam ficar piores por cá...

Nesta altura, a única união em redor de Mário Soares devia ser para lhe pagar um bilhete só de ida para as Seychelles. Primeira classe, vá lá. Assim, ele podia passar o resto dos seus dias entre banhocas no Índico e passeios às costas das tartarugas. Para ele era bem bom e por cá ninguém se queixava.

publicado por Boaz às 15:53
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Domingo, 24 de Julho de 2005

Parece qu'é bruxo!!!

You are elegant, withdrawn, and brilliant. Your mind is a weapon, able to solve any puzzle. You are also great at poking holes in arguments and common beliefs.

For you, comfort and calm are very important. You tend to thrive on your own and shrug off most affection. You prefer to protect your emotions and stay strong.

The World's Shortest Personality Test

Segui o link da Bomba Inteligente e foi o que deu. Bolas, Parece qu'é bruxo!!! Tenho que ver se tenho alguns fios estranhos em casa, não ande alguém a espiar-me. Quase que me sinto nu... :o)

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publicado por Boaz às 18:59
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Mas...

Sucessivamente, a cada ataque terrorista, aparecem algumas vozes a condenar o acto, para logo a seguir, acrescentarem um "mas". Em jeito de desculpa? Ou no mínimo, justificação? Encontrar algo de racional na acção terrorista?

Invariavelmente, em relação aos que fazem o terror em nome da causa palestiniana, a justificação é o desespero. Entre os nossos intelectuais, cabeças pensantes e líderes de opinião com mais ou menos seguidores, a certa altura até surgiu a comparação entre a causa palestiniana e a de Timor-Leste, na época da ocupação indonésia.

Analogias entre a Palestina e Timor-Leste?

Haja decência! Nem as condições são idênticas, nem a origem da ocupação israelita dos territórios palestinianos tem qualquer analogia com a da ocupação indonésia de Timor-Leste. A Indonésia invadiu Timor como decisão unilateral, aproveitando-se cobardemente do caos da guerra civil que se seguiu ao abrupto fim do poder colonial português. Uma invasão pura e simples com o objectivo de anexação. Pelo contrário, Israel ocupou Gaza, Jerusalém Oriental e a Margem Ocidental após uma declaração de guerra e tentativa de invasão por parte dos exércitos egípcio e jordano, cujos governos detinham o controlo desses territórios.

Quanto às condições da ocupação, por muito trágica e urgente que seja a situação da maioria da população palestiniana, não creio que se possa comparar ao martírio passado pelos timorenses sob o domínio indonésio. É verdade que os números não dizem tudo, mas mais de 200 mil timorenses mortos pelo exército indonésio deveriam ser suficientes para conseguir travar qualquer tipo de comparação...

Ainda há a questão do desespero. É desesperante a situação de vida de grande parte dos palestinianos, sem dúvida. Mas isso justifica o terror? Torna-o válido? Os que compararam a Palestina com Timor-Leste nunca pararam para pensar porque razão os timorenses nunca tomaram como "forma de luta" os ataques terroristas suicidas contra autocarros, hotéis, discotecas, restaurantes e fiéis à saída de mesquitas em Jacarta, como os suicidas palestinianos fizeram dezenas de vezes contra autocarros, hotéis, discotecas, restaurantes e fiéis à saída de sinagogas em Tel Aviv e Jerusalém? Estariam os timorenses por acaso numa situação menos desesperante que os palestinianos?

E, já agora, que desespero levou 19 indivíduos a lançarem aviões contra o World Trade Center e o Pentágono? Eram todos estudantes universitários, filhos de famílias de classe média-alta da Arábia Saudita e do Líbano, viviam bem mais desafogadamente que o comum dos seus concidadãos...

E sexta-feira à noite, que desespero motivou as bombas em Sharm el-Sheikh?

Após o 11 de Março, justificou-se o terror com o apoio do governo espanhol à invasão americana do Iraque. Nos ataques a Londres, a razão foi também o apoio do governo britânico à guerra no Iraque. Com essa ideia em mente, várias dezenas de dignitários muçulmanos britânicos alertaram Tony Blair para reflectir (e consequentemente mudar) a sua estratégia em relação ao Médio Oriente. Será só Blair que tem de repensar e mudar? E será isso suficiente para parar as ameaças e os ataques?

Sinceramente, creio que não. Basta pensar no caso da França, que foi, desde o início contra qualquer intervenção no Iraque. No entanto, isso não bastou para ser poupada às ameaças terroristas da Al-Qaeda. Vários franceses foram raptados no Iraque e o país recebeu ameaças directas de atentados. A razão: a aprovação da lei que proíbe o uso de símbolos religiosos nos lugares públicos, conhecida por "lei do véu islâmico".

Alguém ainda acha que os terroristas precisam de desculpas? Ou afinal, tudo serve de desculpa aos terroristas?

publicado por Boaz às 18:38
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Quarta-feira, 13 de Julho de 2005

Paralelos (que não se traçam)

Um ataque terrorista suicida matou ontem, 12 de Julho de 2005, 4 pessoas e feriu várias dezenas em frente a um centro comercial de Netanya, uma cidade israelita a norte de Tel Aviv.

Desde 5ª feira, os políticos e os cidadãos europeus e do resto do mundo ficaram chocados e mostraram o seu apoio ao povo britânico, vítimas colectivas do terrorismo. Quem é que entretanto mostrou algum apoio aos israelitas?

É melhor ficar por aqui...

publicado por Boaz às 17:10
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Selectiva falta de memória

Ontem à noite, a 2: transmitiu mais um programa "Parlamento". Eu não costumo ver esse tipo de programas, por achar insuportáveis a maioria dos nossos deputados, mais a sua retórica. Ontem, talvez por masoquismo, assisti ao programa, com a curiosidade de saber as opiniões de deputados das diversas bancadas da Assembleia da República sobre o fenómeno do terrorismo e os modos de o combater.

Os deputados do PS, PSD e CDS foram regulares, com o habitualmente maior "sentido de Estado" que os caracteriza. (Isto não se aplicaria se o PSDista fosse o Alberto João Jardim.) Anormalmente equilibrada achei a opinião do camarada "norte-coreano" Bernardino Soares. Como já se esperava, Ana Drago, a voz do Bloco de Esquerda no programa, insistiu na culpa do capitalismo em todos os males do Mundo. Até no terrorismo: a culpa é das operações offshore e da lavagem de dinheiro que aí se faz, que possibilitam o financiamento do crime organizado e do terrorismo. Pois muito bem...

Só que todos se esqueceram de um pormenor: o fanatismo que é a base do terrorismo da Al-Qaeda. É que, ao contrário do 11 de Setembro - que foi uma operação de grande envergadura -, o 11 de Março e o 7 de Julho foram esquemas relativamente simples, que não precisaram de muito dinheiro.

Explosivos, telemóveis e conhecimentos em fabricar bombas, que se adquirem em milhares de sites na Internet. Tudo somado, só falta um elemento fundamental: a motivação. E essa provém dos radicais infiltrados nas comunidades islâmicas que se aproveitam da liberdade de expressão existente na Europa - e muito especialmente no Reino Unido - e assim propagam as suas ideias assassinas.

Os senhores deputados, sempre preocupados com o politicamente correcto, meteram o rabinho entre as pernas e habilmente esqueceram-se do cerne do problema.

publicado por Boaz às 16:42
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Very British

Depois dos ataques em Londres, os britânicos deram uma lição ao Mundo, no modo como reagiram ao terrorismo. Foi absolutamente extraordinária a forma serena como os londrinos se portaram, nos momentos imediatos ao ataque. Admirável, a calma com que as pessoas prestavam declarações aos jornalistas, mesmo as pessoas feridas.

De salientar também a cobertura mediática dos acontecimentos pelos media britânicos, habitualmente sedentos de escândalos. Evitou-se a ânsia pelo sangue e a dor, que faria certamente as delícias dos instigadores do ataque, a admirarem atentamente os resultados da sua obra pela televisão.

Foi a melhor maneira de mostrar a sua superioridade de carácter face aos terroristas. O terror regozija-se com o pânico, o sangue e as lágrimas. Os canalhas não poderiam ter recebido maior derrota.

Como talvez nenhum outro povo, os britânicos sabem demonstrar a sua honra. Em especial na adversidade. Poucos dias após os atentados, a multidão nas ruas de Londres a participar nos festejos dos 60 anos do fim da II Guerra Mundial, foi um magnífico sinal de resistência.

publicado por Boaz às 16:41
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Sexta-feira, 8 de Julho de 2005

Terror, a convivência possível

Ontem o medo e morte em larga escala chegaram mais perto de nós. Em Londres. A escassas horas de voo. No mesmo fuso horário. Não foi em Bagdade ou em Jacarta, locais bem mais distantes, em todos os sentidos da palavra "distante".

Quando os ataques são no Iraque, na Indonésia ou em Israel, vemo-los normalmente como factos suficientemente longínquos para, em grande medida, nos passarem ao lado. Mas não em Londres. Ou em Madrid. Nesta nossa Europa tão dividida em tantas coisas, em momentos como estes, é como se fossemos um único povo. Um único país. Como se Londres fosse tão "nossa" como é Lisboa.

Nos comentários aos ataques terroristas retive em particular o do General Loureiro dos Santos. Disse ele que "no futuro, teremos de encontrar um nível de convivência possível com o terror". Como é possível conviver - viver com - o terror? Admiti-lo como tão normal que condicione toda a nossa vivência diária?

Conscientes da impossibilidade de prever e evitar todas as acções terroristas, passaremos a encarar o terror como uma coisa que nos pode acontecer como qualquer outra casualidade. Passará a ser exactamente isso, uma casualidade? Adaptados a um estado policial, integraremos nas nossas rotinas coisas hoje aparentemente tão absurdas como ter de passar por um detector de metais em cada ida ao restaurante, ao supermercado, ao banco, aos correios, ao cinema. A ver em cada paragem de autocarro um polícia de rádio na mão, em diálogo com outros polícias em permanente estado de alerta. Habituar-se a que, a qualquer momento, o trânsito seja cortado nas nossas ruas, por causa de uma suspeita.

Em nome do bem comum e da essencial segurança que garante o nosso modo de vida, teremos de abdicar de certas liberdades, bem mais importantes do que simplesmente termos de abrir as carteiras à entrada do café.

Os terroristas usam a seu favor as liberdades que conquistámos nas nossas sociedades. É provável que tenhamos de abdicar de algumas delas para os conseguir vencer. E isso é o mais terrível nesta história. Significa que são eles que nos vencem, porque dominam o nosso modo de vida. Porque nós teremos de mudar, enquanto eles continuarão sempre iguais ao que sempre foram. Inflexíveis.

Em Londres, Nova Iorque, Madrid ou Telavive, são irrelevantes as caras e as causas que se escondem por detrás do terror. Toda a busca de justificações para o que se passou ontem em Londres é tão repudiável como o próprio atentado, porque isso significaria admitir que eles - quem quer que sejam - possam estar certos nos seus actos, que as suas pretensões sejam justas e logo, válidos os seus métodos. Nenhum terrorismo é merecedor de crédito, pois causa alguma justifica a barbárie indiscriminada que é a própria essência do terrorismo.

publicado por Boaz às 03:45
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Domingo, 3 de Julho de 2005

Quem canta, que males espanta?

Foi muito bonito o desfile das estrelas a cantarem em nome de uma causa nobre. Foi lindo ver Madonna, rainha das futilidades e do showbiz, a abraçar Birhan Woldu, uma etíope recém-licenciada em Agricultura, que há 20 anos - na altura do Live Aid - estava à beira da morte num campo de refugiados e que, segundo Bob Geldof, foi salva em parte com a ajuda dos donativos angariados por aquele concerto de solidariedade. Só pelo sucesso da sua história, valeu o esforço de há 20 anos. Afinal, "quem salva uma vida é como se salvasse a humanidade inteira" como diz o Talmude.


Madonna e Birhan Woldu no palco principal do Live 8, em Londres

Os 10 concertos, do Japão aos Estados Unidos, eram grátis. Não se pretendia angariar dinheiro para matar a fome em África (se bem que o SMS para pôr o nome na lista custasse 0,50€: a RTP também precisa de ajuda...). O objectivo era chamar a atenção do clube dos mais ricos para a miséria dos mais pobres. Apontaram-se os responsáveis pela miséria africana e esses foram os líderes dos países do G8, que vão reunir-se dentro de dias, na Escócia. "Os líderes dos 8 mais ricos reúnem-se num castelo escocês à beira de um campo de golfe, enquanto mais de mil milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia" foi a imagem que passou. Aqui estão os culpados, é a estes que tem de se pedir contas. Como é fácil arranjar bodes expiatórios, quando se seguem as regras do politicamente correcto.

E o politicamente correcto é mesmo culpar os brancos e os ricos por tudo o que de mal se passa em África. Nestas ocasiões tratam-se os africanos como criaturas indefesas, face à implacável voragem capitalista. A existência de uma gigantesca dívida externa na maioria dos países africanos é posta no cadastro dos europeus e americanos. As guerras que década após década se têm travado no continente, são explicadas como instigações interesseiras dos brancos, das empresas de armamento e de multinacionais que querem dominar os abundantes recursos de África.

Os africanos - incluindo os seus dirigentes - são apresentados como gente sem vontade. Inimputáveis. Marionetas puxadas por cordelinhos a partir da Europa e América. Ou nem sequer são incluídos como variáveis da equação. E quando se mencionam os próprios líderes africanos (como o angolano José Eduardo dos Santos) são mostrados como peões no cínico xadrez do Ocidente que só quer espremer a riqueza dos seus países. E eles, coitadinhos, deixam-se levar pelo engodo.

Obviamente que não podemos condenar as populações africanas à miséria eterna e ao subdesenvolvimento pelos erros dos seus líderes, os quais, na sua grande maioria, não foram sequer escolhidos pelos seus povos. Só que também é injusto que apenas se apontem os dedos acusadores - sim, trata-se também de apurar responsabilidades - aos senhores do capital, esquecendo deliberadamente que há grandes responsabilidades também do lado africano. O problema é que falar das coisas desta maneira é candidatar-se a levar com uma etiqueta de racista e colonialista.

Sem querer defender o passado colonial da Europa - e de Portugal em particular -, não deixa de ser preocupante, chocante até, que muitos países africanos vivam hoje pior do que há 30 ou 40 anos, quando se tornaram independentes. E, apesar de praticamente todos os Estados africanos terem já atingido a maioridade desde a independência, muito poucos ou nenhum atingiu a maturidade social e política que lhes permita fazer este tipo de reflexão.

Interessante e inédito, o testemunho de um cidadão da Costa do Marfim interrogado sobre as possíveis consequências de uma iniciativa como o Live 8. Disse: "Em África tudo é muito desorganizado. Queremos que os países ricos nos ajudem a organizarmo-nos, para que depois possamos seguir sozinhos o nosso próprio caminho. É humilhante andar sempre de mão estendida".

Os líderes africanos actuais são quase todos os mesmos que lideraram as revoltas e guerras de independência. Desde então que se agarram ao poder, sem nunca terem tido nem capacidade política nem legitimidade democrática para o exercerem. Até os três casos africanos que pareciam positivamente exemplares, estão agora também em sentido descendente: Costa do Marfim, Zimbabwe e África do Sul. Os dois primeiros bateram mesmo no fundo...

A Costa do Marfim foi, até ao final da década de 90 um exemplo de estabilidade em África. O país, apesar de não ser rico - excepto em cacau -, conseguiu algum desenvolvimento, mesmo governado durante 40 anos pelo mesmo homem: Félix Houphouet-Boigny, um ditador que como quase todos os ditadores era megalómano. Transformou Yamoussoukro, a sua aldeola natal, na capital política do país e mandou construir aí uma réplica da basílica de São Pedro. Depois da sua morte, o país entrou em colapso e hoje é um dos mais instáveis da África ocidental, dividido entre o poder oficial, a sul e os rebeldes no Norte. E o poder oficial é encabeçado por um típico ditador, Laurent Gbagbo, acusado em 2003 pela comunidade internacional de crimes contra a humanidade.

O Zimbabwe, que na década de 80 era até visto como outra boa excepção africana - o celeiro da África Austral, com um rendimento per capita de mais de 2300 dólares -, mesmo governado por Robert Mugabe, é hoje um país à beira do caos. É governado pelo mesmo Mugabe, que entretanto virou fascista, amordaçou os jornalistas, expulsou os agricultores brancos e vai matando os negros à fome. O rendimento da população é hoje quase 10 vezes inferior ao de há 25 anos. Para o presidente, a culpa vai toda para os brancos e Tony Blair. Uma das suas últimas medidas é a operação de limpeza das casas ilegais nas principais cidades, que já fez mais de 200 mil desalojados. Os reais motivos da campanha prendem-se com o facto de essas pessoas terem votado na oposição nas últimas eleições presidenciais. Deixá-las sem casa é a represália pela traição ao regime. A ONU e a União Africana calam-se e assim consentem.

Na África do Sul, depois do fim do regime racista do apartheid, as coisas pareciam risonhas. No entanto, desde que Thabo Mbeki assumiu o poder - e foi já reeleito - que se tem manifestado tão incapaz como a generalidade dos seus homólogos continentais. Incapaz para lidar com a imparável onda de violência. Incapaz, quase ao nível da insanidade, para lidar com a pandemia de SIDA que assola o país. E para embelezar a figura já de si bastante eloquente, é apoiante de Khadafi e do próprio Mugabe.

Por fim, valia a pena reflectir neste exemplo: em 1962, o Gana e a Coreia do Sul estavam ao mesmo nível de desenvolvimento. Hoje, a Coreia do Sul é tão só a 11ª economia do Mundo. O Gana, apesar de rico em recursos naturais, não saiu do estado de subdesenvolvimento.

PS - Para que não restem dúvidas, sim, eu defendo o perdão da dívida dos países do Terceiro Mundo. Defendo a justiça no comércio mundial, com a abertura dos mercados aos produtos africanos. Defendo o fim dos subsídios agrícolas na Europa e América, que são a maior causa de distorção das regras de mercado e que condenam muitos agricultores africanos à pobreza. Defendo maiores ajudas à assistência humanitária em África, a maioria das quais ajudas a projectos de desenvolvimento e não simplesmente envio de alimentos e medicamentos, que são soluções de curto prazo e que fomentam a dependência em relação ao exterior. Mas também defendo o fim da cegueira comprometedora das Nações Unidas face aos corruptos e brutais regimes africanos, um elemento essencial na tragédia do Continente Negro. E, se preciso for, que se acabe à força com esses regimes.

publicado por Boaz às 17:45
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Sexta-feira, 1 de Julho de 2005

O providencial filão

Há uma série de anos que andam a amedrontar-nos com o papão do défice - desde os primeiros dias do governo de Durão Barroso - esse bicho horrível dos 6,83%. Só que parece que nos andaram a mentir. Afinal o bicho é tão somente de 6,72%.

Ó, magnífica notícia! É que, assim, tudo muda neste país. Sem perigo de exagero, atrevo-me a dizer que acabou o tempo da tanga (ou do fio dental, como vi um malicioso economista chamar-lhe) e podemos todos desapertar o cinto. Ufa!


Desculpem lá, eu andei à procura de uma gralha, mas o mais parecido que encontrei foi uma avestruz.
É uma ave, ora!

Até se prevê que o IVA a 21% - que entrou hoje em vigor, pfff!!! - seja abolido numa questão de horas. Sim, sim! O prometido fim das mordomias e acumulação de ordenados e reformas por parte de políticos, também deverá passar para a gaveta.

Agora que se descobriu este filão escondido nas masmorras das Finanças: TGVs, Otas e até centrais nucleares devem pulular por esse país fora, num regresso à saudosa fúria do betão dos maravilhosos tempos do cavaquismo.

Adivinham-se tempos dourados, se pensarmos em tudo o que um governo - cheio de garra, como o nosso - pode fazer com um mísero défice de 6,72%.

PS - a Oposição reagiu indignada à revelação do novo valor do défice. Não gostaram da boa nova, os cínicos! Atacaram Vítor Constâncio pela "gralha". Tanto barulho, que até parecia que em vez de uma gralha, o governador do Banco de Portugal tinha era lançado um bando de abutres...

publicado por Boaz às 15:30
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