As malas estão feitas. Os adeus ditos e as boas-sortes desejadas. Estou prestes a sair de casa para algo de que apenas conheço alguns contornos. Somente os essenciais. No final da viagem haverá alguém para me receber. Não no aeroporto, um ou dois autocarros depois.
Terei um sítio para ficar nos próximos meses. Nem sei ao certo quantos. Um sítio que terei de partilhar com mais duas pessoas. Que eu não conheço de todo. Sei que irei (terei de) trabalhar para pagar a renda da casa. Não faço ideia do que irei fazer.
O bilhete de regresso tem data, mas não é definitiva. Só dentro de algum tempo terei uma ideia da altura em que voltarei a casa.
Levo roupa a fazer conta com o frio do Inverno e o calor do final do Verão. Na orla do deserto há um pouco de verde. Nem que seja a metade verde da bandeira que levo para afirmar as origens.
Aos que ficam, um abraço enorme. Dentro de dias baterei de novo à vossa porta...
PS - Ah, esqueci-me de dizer que vou para Israel (where else?!). Para alguns quilómetros a sudoeste de Jerusalém.
O slogan de campanha da candidatura de Fátima Felgueiras: "Sempre presente!"
O autor deste brilhante mote merecia o prémio de Humorista do Ano.
Esta semana, a SIC e a TVI estrearam um sistema de classificação dos programas em emissão. Agora, basta olhar para o canto superior direito do ecrã do televisor para saber a idade a partir da qual o programa é adequado.
Só que há problemas. Não, não é o facto de, de acordo com a TVI, crianças de 10 anos poderem assistir, sem efeitos negativos, às suas telenovelas. Ou o desfile de travestis mal-disfarçados nas noites da SIC ser considerado próprio para gente de 12 anos.
A verdade é que a RTP não implementou o sistema, com todas as consequências que daí podem vir. Qual é o pai que não tem pavor de que os seus inocentes filhos sejam apanhados pelas rajadas de verborreia do Francisco Louçã numa entrevista à Judite de Sousa?
Apelo daqui à APSI - Associação de Promoção da Segurança Infantil, para resolver a situação. Ou arriscamo-nos a que as futuras gerações deste país se tornem pseudo-revolucionários de ocasião, mal vestidos, de lenço palestiniano ao pescoço e punho erguido contra ninguém-sabe-bem-o-quê.
Os pais agradecem.
Faleceu hoje, em Viena, o mais conhecido e incansável "caçador de nazis". Simon Wiesenthal tinha 96 anos e há mais de 40 que se dedicava - durante muito tempo, sem qualquer ajuda - a encontrar e levar a tribunal os criminosos de guerra nazis. Sessenta anos depois, o seu trabalho estava longe de terminado.
Sobrevivente do campo de concentração de Mauthausen (Áustria), perdeu dezenas de familiares durante o Holocausto. Quando, um dia, a sua filha adolescente, nascida já depois da guerra, regressou da escola com o choque de ouvir os colegas de turma negar a história de Anne Frank, explicou-lhe o móbil da sua luta: a procura da justiça, nunca o ódio ou a vingança.
Para além do exemplo da sua vida, deixou uma autobiografia: "Os Assassinos Estão Entre Nós", já adaptada para televisão em meados da década de 90, numa mini-série com um Ben Kingsley notável. E o Museu da Tolerância - o nome diz tudo - em Los Angeles.
Após a retirada dos últimos soldados israelitas da Faixa de Gaza, militantes palestinianos invadiram os antigos colonatos e começaram a vandalizar o que restou das sinagogas e outros edifícios que não haviam sido demolidos.
Propunha um exercício de perspectiva. E se, em vez de serem indivíduos muçulmanos a destruírem locais que outrora foram sagrados para judeus, fossem judeus a profanar mesquitas? Dava que falar, não dava?
É que o que aconteceu parece não ter merecido críticas de parte alguma - a não ser, obviamente, de Israel.
Tudo na mesma no Egipto. Mubarak rulez!
Por este andar, Hosni promete quebrar o recorde de imutabilidade da Esfinge...
"Gostei, gostei. Foi um bom espectáculo." Foi este o comentário de José Sócrates à demolição dos mostrengos de Tróia.
Eu também gostei. Agora é continuar com a diversão, que o resto do país também merece divertimentos desses. Em quase todas as praias entre a Figueira da Foz e a Costa da Caparica não faltam mamarrachos bons para implodir.
Uma digressão da equipa de demolidores pelo Algarve podia dar espectáculos diários durante semanas a fio em Albufeira, Portimão, Quarteira e Monte Gordo. Atracção turística de sucesso garantido. Melhor que o concerto de Cliff Richards.
E, já agora, como a malta suburbana se queixa de não ter divertimentos ao pé da porta, era capaz de haver a animação com fartura na Brandoa, Odivelas, Cacém e Santo António dos Cavaleiros.
Só falta um Belmiro que dê a guita para a pólvora.
Na última segunda-feira, à chegada à aula de Judaísmo, deparei-me com uma equipa de televisão no pátio da sinagoga. Interroguei-me quem seriam e para que canal. Rapidamente, talvez por vaidade, pensei que poderiam ser israelitas: "a história de um grupo de portugueses a ter aulas de Judaísmo em Lisboa, já tinha chegado a Israel... com a quantidade de gente estrangeira que passou por cá nos últimos meses e falou connosco, não me admirava.". Até que os ouvi falar português e, a brincar, disse a uma colega da aula: "É p'rá SIC." Ela acreditou mesmo.
Apesar de estar com uma roufenha voz-de-constipado (há quem ache sexy as similares voz-de-bagaço e voz-de-cama) acedi ao convite e também respondi a algumas perguntas da jornalista. A tal colega a quem eu "enganara" dizendo que era para a SIC, estava um pouco preocupada com a possibilidade de as suas declarações virem a ser transmitidas na Guiné-Bissau, de onde é natural.
Afinal, estavam ali só para entrevistar os elementos da turma de conversão para o programa mensal da Comunidade Israelita do magazine A Fé dos Homens. Ainda não era desta que se iriam levantar cabelos em Bissau, por uma senhora pertencente à elite política do país estar num processo de conversão ao Judaísmo.
Confesso que tenho curiosidade em saber quem foi que escolheu o tema para o programa...
PS - Para os interessados, guineenses e não só, passa na 2: no dia 15 de Setembro, por volta das seis da tarde.
Logo após a notícia do encontro em Istambul, dos ministros dos Negócios Estrangeiros de Israel e do Paquistão, Silvan Shalom e Khursheed Kasuri, milhares de pessoas manifestaram-se em Carachi e outras cidades paquistanesas, contra a possibilidade de aquele país islâmico poder, no futuro, reconhecer a existência da tão odiada "entidade sionista".
No ano passado, episódios idênticos verificaram-se na Indonésia. Na altura, milhares de pessoas marcharam em Jacarta contra qualquer diálogo com o "pequeno Satã". (A denominação é iraniana, mas, a par do petróleo, é uma das principais exportações do país dos ayatollas.)
O mundo islâmico parece suspenso pela situação entre Israel e os Palestinianos. As campanhas políticas, os discursos, para conseguirem a adesão (e histeria) popular, têm de se afirmar como defensores da causa palestiniana. Porque a causa palestiniana é "A Causa". Quando se quer fugir da discussão dos problemas do país ou da região, invoca-se como o entrave a todos os avanços. Mesmo no Paquistão.
Nada se resolve, em nada se avança no mundo árabe, enquanto os Palestinianos não tiverem o seu problema resolvido. Nem a questão dos direitos das mulheres, a liberdade religiosa e política, a corrupção, o desenvolvimento sócio-económico, o analfabetismo, a democracia. Nada. A Causa está à frente de tudo.
Por isso é importante continuar com a luta. Seja pela queima de bandeiras sionistas, seja pelo embargo às empresas que têm negócios em Israel (uma das máximas actuais de alguns grupos anti-globalização, em especial europeus), ou ao impedimento da entrada no país a todos os que tenham um infame carimbo israelita no passaporte.
Envie comentários, sugestões e críticas para:
Correio do Clara Mente
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Blogs
. Contra a Corrente/O MacGuffin
. Poplex
. Das 12 Tribos
. Aish
. Int'l Survey of Jewish Monuments