O mundo islâmico, pouco conhecido pelo seu sentido de humor, em especial em relação a si mesmos, entrou em polvorosa por mais uma razão. Não bastava a habitual onda de violência em manifestações públicas de ódio contra Israel, agora o ódio virou-se também contra a - até agora inocente - Dinamarca.
O problema surgiu com a publicação no jornal Jyllands Posten de uma série de cartoons em que o profeta Maomé aparece, entre outras coisas, retratado com um rastilho saindo do seu turbante, fazendo a ligação directa entre a doutrina islâmica e o terrorismo. É obviamente ofensivo, mas a onda de protestos é um exagero e demontra uma enorme falta de maturidade das massas e dos poderes islâmicos em geral. Estranho é que os ditos cartoons tenham sido publicados há já quatro meses e, só agora tenha estalado o protesto...
Desconhecendo a noção de liberdade de imprensa e de independência editorial entre os media e o poder político, uma série de paises islâmicos decidiram chamar os seus embaixadores em Copenhaga e expressaram o seu repúdio ao governo dinamarquês pelo ultrage.
Nas ruas, multidões furiosas queimaram bandeiras dinamarquesas (por uns dias foi a bandeira mais queimada no mundo, em vez das israelitas e americanas). Embaixadas dinamarquesas receberam ameaças de bomba. Nos supermercados boicotaram-se os produtos dinamarqueses, malditos agora para os consumidores árabes.
Na Dinamarca, o editor do jornal pede desculpas mas defende-se com a liberdade de expressão. O governo pede desculpas tambem e alguém propõe a construção de uma mesquita em Copenhaga, para abrigar dignamente a comunidade islâmica do país. (Os 200 mil muçulmanos que vivem no país reunem-se em 50 mesquitas improvisadas.) Uma tentativa vã de limpar a cara e - pior que tudo - uma cedência aos radicais que ia dar razão aos seus protestos.
Até que ponto se pode brincar com os símbolos religiosos? Até onde se pode ir sem desencadear uma "guerra santa"?
Nota: Um artigo interessante de um site satírico, Ridiculopathy.com.
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