Há não muito tempo estalou uma polémica em Israel acerca do conteúdo de um livro escrito pelo ex-presidente americano Jimmy Carter. Na obra “Palestine: Peace not Apartheid”, Carter comparou a sociedade israelita a um regime de apartheid. A ideia nem sequer é original. Há anos que virou bandeira da esquerda radical europeia, grafitada em paredes por todo o continente. A surpresa foi a adesão de alguém com o gabarito e as responsabilidades de Jimmy Carter a tal pensamento.
Contrapondo à assunção apartheidista de Carter, estão os dados de um estudo realizado pelo conceituado Peace Index da Universidade de Tel Aviv, pouco tempo depois da Segunda Guerra do Líbano, ocorrida há um ano. Os resultados revelaram que – contra todas as apostas, em especial as dos Cartistas – 73% dos Árabes de Israel preferem ser cidadãos de Israel do que de qualquer outro país do Mundo.
Estes resultados conjugam-se com os de outra investigação, efectuada pelo Joint Israeli-Palestinian Public Opinion Poll, que indicam que 52% dos Árabes de Israel concordam que "muitos dos cidadãos árabes de Israel se identificam com Israel em privado, mas evitam expressá-lo em público por pressões sociais".
Bandeiras de Israel e do Waqf, a autoridade muçulmana de Jerusalém,
hasteadas sobre o Monte do Templo
Não quero dizer que não exista descriminação ou preconceito em relação aos Árabes em Israel. As piadas que se contam deles são disso apenas um sinal. Todavia, vejamos que os Árabes israelitas, tal como muitas minorias em quase todos os países, enfrentam obstáculos no seu caminho para a igualdade. Sejam os Ciganos na Roménia ou em Portugal, os Negros nos EUA ou os Russos nos Estados Bálticos.
A situação dos Árabes em Israel está muito dependente da situação política e na delicada questão da segurança quotidiana. A cada ataque terrorista suicida cometido por um palestiniano, muitos israelitas sentiam-se cada vez mais desconfiados em relação à generalidade dos Árabes. E o facto de vários árabes israelitas terem participado activamente em operações terroristas ou ajudado os seus pares palestinianos, não ajudou a seu favor.
Os Árabes em Israel estão representados no parlamento. Aliás, os cidadãos árabes de Israel participam no processo democrático israelita mais livremente que os cidadãos de qualquer país árabe. Têm inclusive os seus próprios partidos políticos, apesar de haver também cidadãos árabes em vários partidos de maioria judaica. Salim Jubran, um juiz cristão árabe (sim, nem todos os árabes são muçulmanos – outra falácia muito difundida) tem um assento permanente no Supremo Tribunal de Israel. A liberdade de culto e a associação religiosa são direitos absolutos. Apenas as actividades de proselitismo são proibidas para qualquer confissão.
Apesar de estarem sub-representados, os cidadãos árabes são oficiais da polícia ou professores em todos os níveis de ensino e, no caso dos beduínos e dos druzos, participam como qualquer israelita nas Forças Armadas.
Então, em que ficamos? Existe apartheid ou orgulho nacional (mesmo que silencioso)?
Os velhos impressionam-me com o seu sentido de dignidade. Bem expressada nesta foto que encontrei recentemente.
Ex-soldado com o uniforme do Exército Vermelho, emocionado,
nas celebrações do fim da II Guerra Mundial. Praçaa Vermelha, Moscovo, Maio 2007
E é óbvio, do ponto de vista jornalístico – apesar de ser também cínico – que as lágrimas são muito fotogénicas.
Jerusalém exibe actualmente a exposição United Buddy Bears - The Art of Tolerance (ou aqui), uma das muitas iniciativas culturais enquadradas nas celebrações dos 40º aniversário da reunificação da cidade. É uma colecção de 133 estátuas de ursos pintadas. Cada uma foi pintada por um artista de um país diferente.
O português, por exemplo, representa uma casa tradicional portuguesa. Da porta da frente saem guitarras e da janela das traseiras espreita um galo de Barcelos. É possível encontrar o "urso-estátua da liberdade" americano, o "urso-charuto" cubano ou o "urso-índio" brasileiro. Muitas das representações têm mensagens sociais.
United Buddy Bears.
O urso português é o terceiro a contar da esquerda.
A exposição fundada em 2002, é originária da Alemanha (o urso é o símbolo de Berlim) e já esteve patente em cidades como Seul, Sydney ou o Cairo e pretende mostrar o Mundo inteiro unido na sua diversidade. Ao longo dos anos, alguns países modificaram o aspecto do seu urso. A organização leiloa os modelos antigos com fins de caridade, como a UNICEF.
Patente ao ar livre, na praça em frente à Câmara Municipal da capital israelita, a exposição tem atraído milhares de pessoas, que tiram fotos em frente aos seus favoritos.
Depois de Jerusalém, os ursos viajarão para Adis Abeba, capital da Etiópia.
Finalmente, já tenho o cartão de identidade israelita.
Teudat zehut, o B.I. de Israel
Depois de várias idas ao Ministério do Interior, de pedidos e documentos, fotocópias, traduções, declarações, certificações e outra papelada tão amada pelos burocratas... recebi o cartãozinho azul que me atesta como cidadão israelita.
Nele consta o meu novo nome israelita: Boaz Gabriel Canhoto. Boaz, o meu nome judaico; Gabriel Canhoto, o nome português com que eu assinava há já vários anos. O problema é que, de cada vez que eu disser "Canhoto", alguém vai olhar-me com espanto e pedir "soletre por favor". "Kuf, nun, yud, vav, tet, vav". Se mesmo em termos de apelidos portugueses não é nada comum, em hebraico é totalmente inaudito.
Passaporte, isso só daqui a um ano.
Como era de esperar, tive reacções negativas ao artigo Um Mundo (quase) perfeito. Os mesmos a quem não convém que se abram os olhos para as atrocidades que alastram no mundo. Para lá das fronteiras de Israel.
Recebi vários comentários de um tal Antº. Tão honesto era o Antº que nem deixou contacto. Que falta de chá.
Ele é daqueles que parece não entender que basta um click para apagar um comentário que aqui deixem e que eu não ache decente. Sim, porque eu apago os comentários que não me agradam. É óbvio que são permitidas opiniões divergentes das minhas. Até as agradeço. No entanto...
Não sirvo, nem por esta via falo, em nome de outrem. Apenas de mim próprio. Por isso mesmo, não aceito ser veículo de mensagens de propaganda anti-Israel. Para esse tipo de mensagens – e isto é um conselho ao Antº e companhia – há milhares de outros blogues e muitos mais sítios na Internet, onde pode expressar sem limites as suas fúrias anti-israelitas junto com os camaradas dos Hamas, Fatahs, Hezbollahs, Al-Qaedas e malta simpatizante Neo-Liberal, Anti-globalização, Proto-globalização, Alter-globalização, Revisionista e outra do mesmo clube. Talvez por lá se cruze com Nasrallah, Ahmadinejad, Ken Livingstone ou até com o fantasma de Arafat.
Saiba que Israel não foi mais "artificialmente criado" do que a maioria dos estados do Mundo. Todos os de África e da América, a maioria dos da Ásia e até alguns da Europa (incluindo o estado de nuestros hermanos, artificialmente criado há 500 anos por via de um casamento de conveniência). Israel é e será uma realidade inultrapassável, por muito que procurem e inventem todos os argumentos para questionar a sua legitimidade. E só quando os Árabes aceitarem esse facto, é que daí poderá advir um caminho de paz. Até lá, a persistente negação da existência do Estado de Israel continuará a ser o maior dos obstáculos. E note-se que, ao contrário dos sucessivos governos de Israel nos últimos 15 anos, nenhum governo palestiniano realmente aceitou a existência de dois estados soberanos no território da Palestina do Mandato Britânico.
Basta assistir a um qualquer programa infantil na TV palestiniana ou abrir um qualquer dos seus livros escolares para entender qual é o quadro das relações com Israel e os Judeus que a liderança palestiniana pretende e assim continua a educar o seu povo.
Lições de democracia, creia-me senhor Antº, que caso realmente aprecie esse tipo de regime, tem muito mais a aprender com Israel do que com qualquer país árabe. E não digo que o estado das coisas ande perfeito em Israel. Mas, veja-se a Democracia que os Palestinianos escolheram. A do Hamas. Ah, desculpe. Esses é que são para si os bons. Ignore então este parágrafo...
Por fim, faça um favor. A si mesmo acima de tudo. Não me apareça por aqui para deixar verborreia como a que deixou, porque a minha reacção será a mesma das quatro vezes anteriores: um rápido e definitivo "Delete". Não me custa nada. Absolutamente nada, que tempo tenho de sobra e até a Internet tenho grátis. E tenham todos um bom dia.
Nesta altura do ano, a Cidade Velha de Jerusalém parece ter sido tomada pelos gatos. À noite, ouvem-se em todo o lado. Macho contra macho em lutas territoriais. Crias com poucas semanas de vida miam desalmadas, num tom aflitivo. Há dias, um adulto, do alto de um telhado parecia implorar: “tirem-me daqui! (Não sei como vim aqui parar…)”. Uma mãe a chamar um gatinho, que à minha passagem se escondera no fundo de umas escadas.
O barão do mercado
Na verdade, a Cidade Velha nem é um ambiente muito hostil para os felinos. No shuq (mercado) árabe, encontram-se felinos refastelados em almofadas em numerosas lojas, aproveitando-se da afeição natural que os árabes têm por estes animais.
A quantidade de comida que encontram nas ruas dá para sustentar hordas imensas deles. O facto de praticamente não haver trânsito nas ruas estreitas, torna o local bem seguro para os gatos vadios. Os únicos perigos parecem ser mesmo as lutas inevitáveis com os outros gatos.
Despotismo estalinista na Coreia do Norte. Perseguição a opositores políticos e minorias étnicas e transferência forçada de populações na Birmânia. Violência sobre os opositores políticos (recentemente também sobre algumas personalidades religiosas discordantes), expulsão e espoliação de propriedade de membros da minoria branca no Zimbabwe. Grandes limitações na liberdade de imprensa e total repressão de opositores políticos em Cuba e na Bielorússia. Escravatura na Mauritânia e República Centro-Africana. Massacres e expulsões em massa contra minorias étnicas no Sudão, com participação activa de forças patrocinadas pelo governo. Tráfico de mulheres para escravatura sexual na Roménia, Ucrânia, Bulgária, Rússia e Ásia Central. Violência sectária no Iraque e Líbano. Esmagamento brutal de uma revolta separatista no Sri Lanka. Silenciamento dos meios de comunicação social críticos ao governo na Venezuela. Violência entre facções políticas em Timor-Leste.
Ausência de liberdade política no Egipto, Síria, Cuba, Bielorússia, Sudão, Líbia, Azerbeijão, Uzbequistão... Pena de morte (nalguns casos mesmo para menores) no Irão, Estados Unidos, China, Paquistão, Nepal, Birmânia, Cuba, Rússia, Vietname... Exploração de mão de obra e ausência de condições laborais na China, Índia, países do Golfo Pérsico, Tailândia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão... Excisão (mutilação sexual de mulheres) na Guiné-Bissau, Sudão, Egipto, Etiópia, Quénia, Somália, Burkina Faso, Mali... Perseguições de minorias religiosas no Irão, Arábia Saudita, China... Exploração sexual de crianças na Arábia Saudita, Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal, Cambodja, Tailândia, Indonésia... Mulheres como “cidadãos de segunda” no Irão, Arábia Saudita, Iémen, Kuwait, Afeganistão... Crianças usadas como combatentes em conflitos na Costa do Marfim, Somália, Uganda, Territórios Palestinianos, Sri Lanka... Exploração de mão-de-obra infantil no Peru, Bolívia, Brasil, Colômbia, Índia, Vietname, Paquistão, Afeganistão, México...
Crianças soldados e "mulheres de segunda"
Oh, como seria perfeito o Mundo, se não fosse... Israel.
A ver pela atenção dada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU, violações de direitos humanos só acontecem em Israel. Casos gravíssimos de brutalidade patrocinada pelo governo no Sudão, Birmânia, Coreia do Norte ou Zimbabwe, são ignorados. Investigações agendadas sobre a situação em Cuba e na Bielorússia foram bloqueadas. Os meios da Comissão são devotados em permanentes críticas a Israel. Apenas.
Recentemente o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon foi atacado por criticar os estados islâmicos membros da Comissão, por ignorarem abusos dos direitos humanos em todo o Mundo e apontarem apenas Israel. A observação de Ban Ki-moon irritou a Organização da Conferência Islâmica quando disse, o mês passado, que a Comissão de Direitos Humanos da ONU deveria observar todas as situações de violações de direitos humanos.
Só parece não valer a pena olhar para eles.
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