Segunda-feira, 5 de Janeiro de 2009

Um dia normal... e a guerra ao longe

A vida segue normal, dentro do possível em Israel. Nas orações da manhã, em todas as sinagogas de Israel, salmos especiais são ditos pelos soldados que combatem no sul. Na viagem à boleia, a caminho da yeshiva, em Jerusalém, escuto com atenção as notícias na rádio. Na volta, ao início da noite, a mesma coisa. Fora do bulício de Jerusalém, de vez em quando, é possível escutar os helicópteros de vigilância. Mais soldados são levados para a região de Gaza.

Em Jerusalém, a guerra é "lá longe". Não que Israel seja um país grande – é menor que o Alentejo. Gaza fica a menos de duas horas da capital, mas é suficientemente longe para a tranquilidade ser aqui, praticamente absoluta.

De manhã, passo por jovens árabes de Jerusalém nas suas aulas de condução, na estrada de Hebron. O comum israelita espera pelo autocarro na paragem, como todos os dias. Os autocarros andam cheios. Notam-se mais polícias e soldados nas ruas. Não é nada que não tenha visto anteriormente. Na yeshiva, um aluno armado guarda a entrada - como vem sendo a norma desde há alguns meses (desde o atentado terrorista na yeshiva de Mercaz Harav).

À chegada, soube que o rabino brasileiro director do programa dos alunos sul-americanos foi chamado esta semana para miluim, o serviço de preparação periódica do Exército ao qual estão obrigados os ex-soldados, até aos 40 e poucos anos. Deixou em casa a mulher e o filho de dois anos. Está no gelado Monte Hermon, nos Golã, junto à fronteira síria. Esperemos que a Síria e o Hezbollah no Líbano, ali ao lado, não reservem surpresas nesta altura.

A meio da manhã, uma aula especial do Rosh Yeshivá, o director da yeshivá. Falou da importância do estudo de Torá nesta altura difícil para Israel. Os ânimos são altos. Milhares de famílias têm os filhos em Gaza. No entanto, há confiança entre os israelitas, apesar da situação difícil em Sderot, Beersheva, Ashdod e Ashkelon. E há união, num país normalmente tão dividido. Os jornais, tanto da esquerda como da direita, mostram-se ao lado da operação do Exército e da decisão do governo.

Permitam-me não pensar em Gaza, excepto nos soldados israelitas que lá estão a lutar contra o terror do Hamas. Há várias centenas de milhões de árabes e milhares de europeus eriçados a preocupar-se e a manifestarem-se pelos habitantes de Gaza. Deixem-me pensar nos israelitas que vivem nas cidades próximas da Faixa.

PS – A vida segue normal, dentro da anormalidade das notícias. A aproximação da chegada do bebé é a única coisa extraordinária no nosso quotidiano familiar. Hoje comprámos os lençóis do berço, as primeiras fraldas e o champô com que tomará os primeiros banhos.

publicado por Boaz às 00:30
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2 comentários:
De joao a 13 de Janeiro de 2009
Boa noite,

Permita-me que o felicite. Começa a ser tempo de o mundo perceber que o sul de Israel não é uma caserna- vive lá gente, normal, não combatente, que tem todo o direito a ter uma vida normal
De NanciSousa a 14 de Janeiro de 2009
Pena que estes países continuem em guerras ...
Ainda a' pouco mais de 5meses tive a hipótese de conviver com atletas jovens de Israel, e as pessoas que normalmente pensam que Israelitas são todos terroristas eu embora achasse que estes seriam pessoas normais como nós nunca pensei que fosse para eles terem tanta facilidade em se integrarem num grupo de pessoas (nós atletas portuguesas) !
Fiquei muito surpreendida quando estes se chegaram perto de nós e meteram conversa para a troca de lembranças que estes traziam de Israel , e nós como povo simpático que somos decidimos fazer trocas de camisolas, bandeiras e mesmo pins daqui da nossa Freguesia, enquanto que quando nos dirigíamos a outros países europeus para fazer também trocas éramos recebidos de uma forma muito ignorante.
Fiquei com o contacto de alguns atletas israelitas e fiquei com a impressão de que estes eram um povo simpático nada parecido com o que dizem ser nas televisões portuguesas etc.

Espero que um dia isto tudo acabe e que aqueles que julgam pessoas israelitas muçulmanas etc que se arrependam e peçam desculpa pelos erros que cometeram no passado !

Adorei o seu texto ;)

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Perfil do autor. História do Médio Oriente.
Galeria de imagens da experiência como voluntário num kibbutz em Israel.


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