Desde que estou em Israel tenho tentado usufruir o mais possível dos Sábados, os únicos dias da semana em que (aparentemente) posso descansar. No entanto, apesar das inúmeras coisas interditas durante aquele que é o dia sagrado por exscelência do Judaísmo, o Shabbat está longe de ser um mero dia para deixar a rotina normal.
Uma das melhores formas para receber toda a riqueza do Shabbat, é passá-lo, o mais possível - total ou parcialmente - com pessoas diferentes, para assim conhecer as várias tradições associadas ao dia. Em Efrat, cheguei a passar a ceia de Shabbat (na noite de Sexta-feira) em casa de várias famílias. Agora que me mudei para Jerusalém, estou mais por "conta própria".
O meu primeiro Shabbat desde que entrei para a yeshiva, decidi passá-lo fora, com a família do meu rabino, em Mitzpe Yeriho. Mitzpe é um colonato no meio do deserto da Judeia, com uma vista espectacular sobre as montanhas estéreis que o rodeiam, o Mar Morto, o Vale do Jordão e a cidade palestiniana de Jericó, situada a poucos quilómetros de distância.
A terra é pequena, com pouco mais de mil habitantes. Tão pequena e distante dos principais povoados que o autocarro que a liga a Jerusalém demora mais de uma hora a cumprir a viagem, já que para que esta renda, passa antes por vários colonatos mais importantes.
Apesar de pequena Mitzpe tem, pelo menos, oito sinagogas. O meu rabino quis partilhar a riqueza do Judaísmo, levando-nos - a mim e ao amigo uruguaio do ulpan giur e da yeshiva que me acompanhou - a rezar os quatro serviços religiosos em três sinagogas diferentes, entre elas uma sinagoga teimani (de rito iemenita), cujas orações são quase todas cantadas e entoadas num sotaque muito particular.
Pela manhã, caminhámos durante meia hora até uma sinagoga improvisada, situada numa caravana no alto de uma colina desértica, posto avançado com vista expansão planeada para o colonato nos próximos dois anos. Aí, fomos convidados para ler a Torá. Durante a oração da tarde, desta vez numa pequena sinagoga recém-construída no centro de Mitzpe, o convite repetiu-se. Sendo forasteiros e acompanhando um ilustre habitante da terra, sempre nos era oferecida a honra de subir à Torá.
Não pudemos aceitar tamanha honra. Estamos ambos - ainda - em processo de conversão e, por isso, não contamos para o minyan e, logo não podemos ler da Torá. Convites destes não se recusam, mas nós temos de os recusar. Por mais que custe.
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