De Diogo a 7 de Janeiro de 2011
Quando alguém realçou que "seguir Jesus" fora a essência dos ensinamentos do Grupo, sendo que tu não o seguiste de forma explícita, estava a sublinhar a diversidade de perspectivas existentes no grupo e sobretudo a tolerância mútua, nele vivida. Ao contrário do que referes, tem tudo que ver com a discussão que se estava a ter, sendo que apenas foram utilizados factos para demonstrar o quão diferentes e tolerantes seríamos no grupo, que por sinal cresceu no seio da fé cristã. Senão, vejamos:

- Grupo era composto de pessoas com opiniões diferentes: FACTO.
- "seguir Jesus" fora a essência dos ensinamentos do Grupo: FACTO.
- Tu não seguiste Jesus de uma forma explícita: FACTO.
- Tendo uma opinião diferente da tua, aceitamos a opção diferente: FACTO.

Se o valor da tolerância é apenas ético? No limite poderá ter tanto de ético como de religioso.

Quanto ao uso da epístola do apóstolo Paulo, esta surgiu para te demonstrar que foi também de uma conversão que surgiu um dos percursores da minha Igreja, pelo que faz todo o sentido eu aceitar a tua conversão. Assim como há quem, como tu, se converteu ao judaísmo, houve e haverá quem se converteu ao cristianismo. Paulo foi disso exemplo. O conhecimento teológico do judaísmo que Paulo demonstra nas suas epístolas leva-nos a considerar que era um Judeu bem fundamentado.

Digo-te agora claramente que te dou o que não esperas mas não o que não aceitas. Tens a minha compreensão pela mudança de crença, mas ponho em causa a convicção com que viveste o cristianismo.
Admiro a dedicação ao teu processo de conversão e à crença na religião que agora professas, na mesma medida que questiono se alguma vez seguiste Jesus. Questiono com toda a legitimidade que me pertence a mim, cristão consciente, formado na minha fé e crente em Deus que, sendo apenas uma pessoa, é Pai, Filho e Espírito Santo. Questiono sobretudo agora, depois das tuas divagações incipientes pelo mistério da natureza divina de Jesus, que demonstram um total desconhecimento pela matéria.

Nunca questionei nem questionarei a seriedade da tua decisão por uma outra religião, tão apenas a seriedade do teu abandono da religião que dizes que conhecias. Faço-o porque a religião que abandonaste é aquela a que dedico o meu estudo, assim como tu à tua e a esta legitimidade tu podes chamar ironicamente de "militância", mas de qualquer modo pertence-me e eu reivindico-a para questionar o teu abandono.
Para justificar o teu abandono do cristianismo, não argumentes com a descrença de uma base de fé que conheces superficialmente. É mais sensato se apenas disseres que abraçaste o judaísmo porque te identificas com a perspectiva de Deus.

É uma ideia que de quando em vez sublinhas a de que aquilo que dizes põe em causa a fé de um cristão, quando se passa exactamente o contrário. As tuas apreciações insubsistentes contra a religião que dizes já ter professado apenas fortalecem a fé de quem a tem como guia. No entanto acredito que aches que se passa o contrário, uma vez que provavelmente a tua crença se desmoronou porque não estava bem fundada.

Da mesma maneira que no teu processo de conversão não quiseste "levar" ninguém atrás de ti, também nós não te quisemos limitar a liberdade de te questionares sobre a religião que professavas. Deste processo, dependendo da dedicação que lhe impomos, a nossa fé sai menos ou mais reforçada.
A incredibilidade das mentes judaicas a quem contas do sucedido, cristalizada pela ideia de que os cristãos perseguem e oprimem os judeus - note-se que são palavras tuas - , revela ela própria, uma ideia deformada do cristianismo. Provavelmente têm-nos como "exaltados pregadores medievais, de crucifixo em punho, a tentar convencer os incrédulos, os desgraçados que se recusam a receber "a Glória" - mais uma vez palavras tuas.

Depois de tudo isto e atendendo à tua experiência prática, ainda vires pôr em causa a tolerância e a aceitação da diferença por parte dos cristãos, com lugares comuns, é totalmente desnecessário, despropositado e sem relação para a discussão se, como afirmas, não contribuiu para a tua decisão.

(CONTINUA)
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